sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Poesias de rua

Cracolândia

Menino sem luz
Levando a cruz da fome
Na escuridão das ruas
Nas perdições

Se drogando
Para fugir do mundo
Sem futuro

Escravos das drogas
Que lhes roubam a vida
E os deixam dementes
Vegetando em um universo
Sem volta




A morte nos ama
A vida nos ama e odeia
A mente humana
É uma babel
Como a torre
Construída por D'us

O humano
É um desencontro com cristo
Que o aguarda de braços abertos
Vive construindo seus castelos
De ouro e poder
Perdidos


Do outro lado da rua
Existe uma flor
No outro lado do universo
Há a musa do poeta
Que anda perdido em versos

O meu mundo desvairado
Nunca irá acabar
Vivo eternamente
Passando por transformações


Reaja com a luz do dia
E das noites de luar
A canção não pode parar

Os políticos estão a plantar
A fome, a miséria
E assim criando a violência
Com sua sede de poder

As lagrimas das crianças de rua
Rolam no asfalto
Da Praça da Sé

Elas tem fome
E não tem onde morar
Os descasos dos governos
As fazem roubar, se drogar
Seus pais não têm emprego
Para trabalhar

E a classe média
Vive suas mãos de Pilatos a lavar
Não querendo uma solução encontrar

Queremos mais emprego
O povo precisa trabalhar
Os alugueis andam caros
Não temos onde morar


Chora o menino
De fome na calçada
Os garotos da classe média
Incendeiam mendigos
Por lazer

O trabalhador
Não tem terra para plantar
Os grileiros, milhares
De alqueires estão a estragar

Nas cidades e no campo
Homens, mulheres e crianças
Sem terra
Sem casa
Sem comida
Estão a lutar

Eles querem só
Um pedaço de chão
Para morar, trabalhar

Em minhas praias
Tem coqueiro.
Nem água de coco posso tomar

Em meu país
Tem muitas terras
Eu não posso plantar


Fujo para o meu mundo
Para não deixar a musa minha
Me conquistar

O sol distante
Me vem iluminar
Crianças peraltas
Correm pela rua, a brincar
No radio as noticias do dia
Começam a rolar

Eu queria apenas
Lhe acariciar
Tocar seu corpo
Profundamente te amar


O vento frio da manha
Bate em meus cabelos
Aqui na minha varanda
Vejo distante a cidade universitária

Os vizinhos ao lado
Tocam um disco de Berimbau
E jogam capoeira no quintal

Meu coração não e uma flor,
Nas mãos de um jardineiro.
Mas dentro dele
Há uma sementinha
Que pode me fazer
Morrer de amor


Toda tarde brilha
O sonho de querer buscar
E viver renascendo eternamente.
Eles têm medo da verdade
São eleitos meliantementes
Querem ser donos
Dos pensamentos alheios
Incentivam a indústria da miséria


Hoje é noite de poesia
E de encontrar você
Você sorrindo para as estrelas


A lua levanta nossos olhos
Eu me encanto ao ver
Seu sorriso
Seu jeito de mulher


Baleia
Sereia
Repente
De repente
Correria
Fria
Ser
O ser
Frio
Na beira
Do rio


A menina do carrão
Cor de prata
Esbugalhou os olhos
Do menino da favela
Que a achou linda e bela

O menino se apaixonou loucamente
A menina distante, o esnobou
Queria ela o príncipe
Da mansão do Morumbi

E o menino foi tocando
Sua pobre vida
Trabalhando e sonhando
Em um dia ser rico e rei
Conquistar a menina
Do carro cor de prata


Há cuíca e pandeiro
Em meu carnaval
Tem palhaços, trapezistas e picadeiro

Mulatas nuas
Do Anhembi ao Sapucai
Turistas gringos
Em seus sambas desastrados
Há os gaviões, a Vai-Vai e a Mangueira Verde-Rosa
Balançando corações

Trio elétricos na Bahia
Arrastando multidões

Meu Brasil explode
De alegria e orgia
Há Caetano,Gil, Daniela Mercuri
E o povo em embriaguês

O rei Momo comanda a alegria
E eu admirando a miss
Imaginando um dia
Ser seu príncipe

Foda-se
Foda-se
Se você é rico ou doutor

Sou da rua
Da favela

Não tenho emprego
Nem escola posso freqüentar

Sou um menino
Sujeito ao vicio da cola
Sem um futuro
Que dorme nas marquises
Dos edifícios,
Quando não deixam
no barraco que moro entrar

Talvez um dia
eu morra nas mãos da lei
em minha luta pela sobrevivência

A sociedade me da as costas
e chuta meu traseiro
Menino pobre é sub-raça
Vira ameaça
E não tem lugar para participar
Do progresso dessa humanidade
Desumana 

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